sexta-feira, 20 de novembro de 2009


"Nenhum ser humano é capaz de esconder um desejo.
_Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."

(Sigmund Freud)

"Um homem só encontrou a mulher ideal quando olhar no seu rosto e ver um anjo, e tendo-a nos braços ter as tentações que só os demônios provocam."

(Pablo Picasso)

domingo, 15 de novembro de 2009


O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar p'ra ela,

Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de dizer.

Fala: parece que mente

Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,

E se um olhar lhe bastasse

Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar...

(Fernado Pessoa)


"Tira a tua roupa, tuas reservas físicas e morais. As minhas eu já tirei.
E quando chegar agarre as minhas mãos com força, e me olhe nos olhos, e faz a minha alma estremecer por inteiro, porque por fora eu sou fera, mas tenho coração de perdiz.

Me beija sem pressa, me deixe sem ar.

Faça-me perder minha paz, aquela que eu achei que todas as pessoas tinham menos eu,e roube de mim toda a minha auto-suficiência.

Que me confundas por dentro, e que me faças perder o sono de madrugada. Leva de mim tudo o que puder. Entra, me saqueia, me devaste, sente-se à mesa e a devore, me consuma. E não suma.

Abra as minhas cortinas pra que o sol entre de novo.
Chega mais perto, faz impregnar o teu cheiro em mim, e me abrace apertado . Pressione o meu peito até que eu não consiga mais saber onde termina o meu coração e onde começa o teu.
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009





Aromas pelo ar

Numa adorável sensualidade

Entre tatos um convite a dançar...

Seu olfato a chamava como brasa

Sentindo uma agradável sensação

Nascida da pulsante emoção

Entram garbosos no salão

Estremecem com tamanha sedução

Toda entregue em suas mãos

Ele a protege...circula e rodopia

Pernas, braços, corpos entrelaçam

Rostos colados...devotados...na canção

Entre os acordes dos violinos

Piano e acordeom acompanham o tango

Que enternecem... movidos pela ação...

O espetáculo de beleza que se vê...

Naquele par a bailar na pureza de ser

Compasso, passo a passo alucinante

Fascinante, estonteante...explosão!

Em círculos, rodopios, lado ao lado

Com a agilidade nos braços

Colam os rostos,

trançam as pernas...

O perfume que evapora na imaginação

Silêncio abafado nas mesas, cadeiras

Os olhares atentos brilham, sorriem...

É a magia da música...da musa portenha

Domínio pleno... do macho e fêmea

Adornados pelos passos

Ela vibra no toque dos ternos abraços

Cenário...imagens...momentos perfeitos

Nunca o amor dançou tanto e tanto...

O par viril é arte pura

São duas almas dançantes

Voando ritmadas delirantes

No ambiente ...pulsantes!

Em estado sutil de encantamento
No salão propagava

Nessa noite dos mais elevados sonhos

Coroada com aplausos dos presentes

Aos dois bailarinos intensos e contagiantes.


Perfume de Mulher - Hildebrando Menezes




terça-feira, 10 de novembro de 2009

Apesar dos pesares...
Conservo o bom-humor
Caço estrelas nos ares
Acredito no Bem e no Amor...

...

Eu posso ganhar o Mundo,

mas hoje eu só quero o horizonte

_ e você comigo. ♫

vai passar... Caio F.

"Vai passar, tu sabes que vai passar.


Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?


O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital".


Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como " estou contente outra vez".


Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como "sempre" ou "nunca".


Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados.


Alguns, sim - nós, não.


Contidamente, continuamos.


E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar".Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.


Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais.


Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor.


Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia,sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência".


E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração.


Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer.


E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.


Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio.E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome,a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos.


Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam.


Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho.


Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada.




(...)"
*Caio Fernando Abreu*